18 de out. de 2009

GRITO DE REVOLTA PORQUE AINDA AMO


Agora este homem que dorme tão mansamente
Sem lembrar o que fez com este trapo de gente
Que chora por amá-lo e julga não ser amada
Se não fossem os filhos que de mim saíram
Não suportaria o suplicio que partilho
Entre um coração e uma alma triste
Se disse que amava porque tu partiste?
Lá se foi o amor, ficou só o homem
Como um retrato mudo e indiferente
Olhando a todos com um olhar parado...
Enxugue os olhos, não olhe pro passado
Deixe este retrato que magoa a mente
Pense só nos filhos e siga em frente.
Tudo que olho parece tão triste
Com este amor que sei que não existe
Que dor profunda, sinto no meu peito
Quero dormir, mas não me ajeito
Pois na cama que durmo, dorme ele agora
Que amo tanto e ele me ignora
Daqui a pouco estará correndo
Mas não é para mim que ele correrá
Esta ansiedade por um amor que já não é meu
Esta busca perdida... Porque? Para que?
Não chorarei mais... Já amanhece.
Um novo dia que já aparece
Encontrando de luto meu coração.
Sorrir, sorrir, rir muito.
Não quero que apareça meu sofrimento
Engolirei gota a gota do fel, sem fazer careta
Não quero que saibam deste meu tormento


Rio de janeiro.11 de fevereiro de 1968
Mirtes Maria Souza de Carvalho
Poesia encontrada no Baú dos retalhos de uma vida. Em Outubro 2009 .