8 de set. de 2009

A SAGA DE VALDERÊZ E SUAS QUATRO IRMÃS II - Chegada ao Colégio Interno apagar


Espanto!
Era um prédio grande, imponente, para aquelas cabecinhas que sempre viveram numa casa com seus pais.
Uma freira toda sorridente abraça e beija a todas. “Inha”, a menor, vai no colo da freira que depois soubemos ser Madre Elvira, chefe do Internato. Valderez vai segurando nas mãos de suas duas irmãs “Lourinha” e “Bibi”. Segura com força pois era a única segurança que ela podia dar. A partir daí a representante da família era ela e teria que proteger aquelas as quais tinha tanto amor. Com 10 anos pela primeira vez, afastadas de quem as protegia , passa a ter a responsabilidade de proteger aquelas irmãs tão indefesas. Inha chorava com seus grandes alhos azuis, copiosamente, no colo da Madre Elvira. Lourinha nervosa, fazia ânsia de vômitos sem parar segurado forte na mão de Valderez . Na outra mão estava Bibi que de tanto medo o xixi escorria pelas perninhas...
Para elas era tudo muito grande, dava medo... o que iria acontecer ? Ali, longe de qualquer parente, a mãe sequer tinha o direito de interferir neste processo de arrancar dela suas crias... É para o bem delas, dizia o Pai.
No lado direito daquele átrio, era o internato. Na parte de baixo, o refeitório enorme com umas 20 mesas para 12 pessoas cada uma. A seguir os chuveiros, os sanitários e a escada larga para subir ao dormitório. O dormitório imenso, onde ficavam as meninas maiores e um menor no final, perto da clausura da Madre Elvira, chefe do internato. Neste menor estavam as camas destinadas a nós – às menores do colégio. Toda turma ficou lá.
Do outro lado do átrio, estava a capela e as salas de aulas. Existia um declive no terreno e aproveitaram para fazer em baixo um salão de estudos para as internas e para a biblioteca.
Os alunos chegavam para as aulas em Março, mas o pai nos mandou as crianças em meados de Janeiro que era para aprender mais (?). De certa forma foi bom para terem mais atenção das freiras e se adaptarem ao colégio e as normas (a disciplina).
Os problemas começaram no dormitório. Inha com 6 aninhos chorava sem parar, Madre Elvira teve que levá-la para a clausura, mesmo porque ninguém conseguia dormir com ela chorando.
Valderez não podia levantar para ver. Era proibido. Cada um só saia da cama para ir ao banheiro. Era longe. As crianças tinham medo. Tudo escuro. Só uma lamparina o santinho.
Quando uma irmã queria ir ao banheiro acordava Valderez para ir com elas. Acontece que nem sempre dava tempo. Bibi dia sim dia não acordava quando já havia feito na cama.
Vergonha. Madre Elvira dava a maior bronca na frente de todo mundo. Pegava o colchão botava na janela para secar e a criança ficava sem a sobremesa no almoço. Bibi chorava e chorava. Valderez resolveu tentar solucionar o problema para evitar que a irmã passasse mais uma vergonha diante das colegas.
Cada cama tinha um criado mudo ao lado com a bacia e a jarra, onde ao acordar, lavavam o rosto e escovavam os dentes. Depois cada uma levava a bacia até os sanitários que ficava perto da escada e da rouparia.
Valderez, no meio da noite quando todos dormiam, pegava a bacia que estava no criado mudo botava no chão e fazia Bibi fazer xixi ali. Não dava para levar e despejar no banheiro porque, se Madre Elvira acordasse ela iria sofrer muito com os castigos. A solução era botar na mesinha a jarra dentro e esperar o amanhecer.
Todos acordavam com um sininho tocando pela freira em todo dormitório. Quem não acordava recebia o som do sino bem pertinho da orelha.
Madre Elvira ficava olhando para saber se todas lavavam o rosto direito e escovava os dentes.
Valderez, naquele dia, encheu a caneca até encima, pôs um pouco de água na bacia. Fingiu que lavava o rosto. Escovou os dentes e respirou fundo. Tudo deu certo. A irmã estava livre da vergonha e não iria perder a sobremesa que ela adorava.
Assim o tempo ia passando até que um dia a Madre Elvira falou: Valderez você não está lavando o rosto direito. Ensaboe as mãos e passe no rosto. A Freira chegou perto para ver e percebeu que a água estava amarela.
Obrigou Valderez lavar o rosto no xixi para aprender a obedecer.
Foi mais um plano por água a baixo. Como salvar minha irmã da vergonha?

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