8 de set. de 2009

III - A SAGA DE VALDERÊZ E SUAS QUATRO IRMÃS


3 - Rotina escolar e compensando a sobremesa proibida

Seis horas da manhã... Todas as alunas para a Capela. Hora de assistir a missa e depois café da manhã.
Refeitório. Cada um tem seu lugar certo. Em cada lugar uma caneca e um prato com pão de sal e mel de abelha ( no lugar da manteiga) e uma banana. O café com leite era servido de acordo com o gosto de cada uma. Rezavam antes da comida e tomavam café em silencio – para treinar o princípio que não se deve falar de boca cheia.
Em seguida um pequeno recreio.
Pegar o material escolar e permanecer em fila, até encaminhar para sala de aulas. As aulas eram dadas junto com as alunas do externato mas era proibido falar com elas.
Acaba as aulas, guardar o material e almoçar.
Começa mais um problema.
A comida completamente diferente.
Todos eram obrigada a comer tudo. A freira colocava a comida em cada prato, de acordo com o tamanho da criança.
Feijão era com milho. Quem não estava acostumado, dava impressão de comida para porcos. O estômago dava um nó. O arroz, legumes e carne.
Quem comesse tudo e não estivesse de castigo, tinha sobremesa. Os doces eram muito gostosos as crianças brigavam para come-los . Eram servidos também sorvetes ou frutas um a cada dia. Bibi nunca tinha direito de comer a sobremesa . (Não dava para ficar sem molhar o colchão a noite).
Outro problema: Lourinha não conseguia comer aquele feijão.
Valderez pensava em como e ajudar Lourinha.
Tinha que passar para o seu prato aquele feijão com milho, sem Madre Elvira visse.
Contava para este feito, com o apoio das meninas da cidade e das primas que estudavam lá.
Valderez inevitavelmente tinha que comer dois pratos diariamente.
A sua sobremesa dava, quase sempre para BIBI. –Não fazia muita questão de doce só quando era um sorvete ou musse . Ela não se agüentava e comia, Bibi arregalava os olhinhos e chorava, Valderez pedia para ela ter calma.
Num canto do refeitório havia um armário cheio de sobremesas. As meninas que tinham família morando ali, perto recebiam bolos, doces, rapaduras, puxa=puxa de melado, queijos curado, chocolates (Bering de peixinho, embrulhados um a um ), etc Para resolver o problema da BIBI só tinha uma saída, pegar emprestado um pouquinho de doce, pois era muita coisa. As alunas não tinham permissão de acesso, só na refeição quando a madre autorizava. Faria tudo para pegar um pouquinho para a irmã.
A maioria dos lanches eram devolvido por dois motivos: o primeiro porque não tinham tempo para isso pois ficavam fechados no refeitório, sem acesso dos alunos. Também porque dizia para as famílias ser dispensada aquela sobremesa, pois os alunos tinham no colégio o suficiente para a refeição.
Mas como chegar lá sem ser vista?
O refeitório era fechado para ser limpo enquanto as meninas iam para o recreio.
Valderez pedia para ir ao banheiro. Agachada, seguia até a janela onde do outro lado ficava o armário. A porta do refeitório ficava fechada até o jantar. As janelas do lado da horta ficavam entreabertas para renovar o ar. Era por ali que poderia entrar.
Uma menina tocaiava... quando a Madre Elvira virava de costas, Valderez mergulhava pela janela sem barulho e ir nadando por entre as mesas, até chegar ao armário. Era só abrir e pegar emprestado um pedacinho de alguma coisa para a irmãzinha. Jurava para si que quando fosse para casa traria um montão para por no lugar.
Tudo tinha que ser perfeito, caso contrário... expulsão do colégio.
Valderez escondida, esperava o sinal da Penha ( das meninas da cidade era a mais afoita. Diziam que ela morava na Rua da Mãe. Numa casa bonita, mas lá. As freiras nem sabiam senão dispensavam a Penha. Mas que ela era esperta, era). Valderez confiava nela. Assim foi feito.
Ao sinal, mergulhou... Pegou um pedacinho de doce de leite e um chocolate de peixinho (tinha caixas fechadas).
Consegui! Só resta voltar e levar para a irmãzinha que estava chorando .
De volta, ia nadando por baixo das mesas até chegar perto da janela.
Ufa! Consegui... Neste exato momento, Madre Elvira bota a chave na porta e entra no refeitório.

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